As Bruxas

As muitas musas ficaram dançando
lá embaixo
dando voltas ao redor de uma árvore
antiga
embaladas pelo som de um pandeiro
ancestral
igual bruxas ao redor de uma panela
fervente
e eu as dominava com um velho tarô
cortado às pressas
e com um uma vela acesa
e com um boneco de cera
ainda meio derretido
e pingando entre o amado pentagrama.
As muitas bruxas vociferavam
e pareciam musas que tivessem ficado embaixo
dançando ao redor de uma árvore
centenária
e desde uma janela
desde o alto
eu as observaba
e as desfrutava
como se desfruta a mórbida poesía que flutua sobre os esquecidos cemitérios.
E eu as derrubava, uma a uma
e as transformava em túmulos
frios e aconchegantes
até a panela se transformar em árvore
e até as musas pararem de dançar
e subirem
cansadas
até meu castelo
pelas cordas oscilantes de um verso escrito
sem elas.

05/05/2020 \\\ 20:07